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[RESENHA ARQUEIRO] “As Mentiras de Locke Lamora” – Scott Lynch


Autora: Scott Lynch
Editora: Arqueiro
Páginas:
 464
Classificação:
 5/5 estrelas

As mentiras de Locke Lamora conta a história de Locke Lamora e seus nobres vigaristas, um grupo treinado pelo Padre Correntes para se infiltrar entre os nobres e dar elaborados golpes ao mesmo tempo em que se safam de serem punidos por quebrarem a paz secreta, esta última feita pelo dois maiores governadores de Camorr com o objetivo de proibir que a nobreza fosse roubada.

Só que a vida dos nobres vigaristas sofre uma reviravolta com chegada do Rei Cinza, que comete uma série de assassinatos que aterrorizam os ladrões de Camorr, além de ameaçar a paz e segurança dos nobres vigaristas.

Sabe aquele livro que você passa a noite lendo porque não consegue larga-lo por um minuto sequer? E aquele outro que te faz perguntar porque você nunca tinha se importado com esse tesouro que estava na sua estante aguardando ansiosamente para ser lido? Ou aquele outro que te deixa achando que vai ser difícil encontrar um livro que o supere? Então, As mentiras de Locke Lamora provoca essas mesmas três sensações e muito mais.

Não preciso de ninguém para me lembrar que estamos mergulhados em água escura até o pescoço. Só peço a vocês que se lembrem de que os malditos tubarões somos nós.

Não é por nada que o Patrick Rothfuss é fã de Scott Lynch, porque o homem é realmente maravilhoso, sua escrita é fantástica, fluída e perspicaz, além de adotar uma boa dose de sarcasmo, assim mesmo que haja uma carga muito forte e dramática no livro, houve vários momentos que eu me fiquei gargalhando ou rindo, principalmente porque o autor soube regular o humor durante todo o livro.

Além disso, é necessário se preparar para toda as reviravoltas, imprevisibilidade e surpresas que aguardam o leitor em vários momentos do livro, sendo que cada uma delas serve para te deixar pasmo com a inteligência de Scott por criar uma trama tão instigante. Assim, mesmo que ás vezes o autor perca algum tempo nas descrições de determinados locais, ainda sim é impossível não mergulhar nesse mundo tão diferente e ao mesmo tempo fascinante.

Os personagens são por si só um dos pontos mais altos da história, todos são bem desenvolvidos e cada um deles cumpre sua função no enredo, mas aquele que se destaca mais do que todos é nosso querido Locke Lamora e devo lhe dizer que impossível não amar esse brilhante trapaceiro e vigarista, que com suas ideias loucas e incrivelmente interessantes faz com que o livro consiga um brilho especial.

Para fechar com chave de ouro, fiquei surpresa e feliz em ver a representação feminina nesse livro, principalmente nas partes secundárias, na qual é possível ver as mulheres tendo as mesmas ocupações que os homens, como capangas, comerciantes, contadoras, entre outros. Afinal, na maioria dos livros do gênero as mulheres têm determinados papéis e dificilmente os autores fazem algo para mudarem isso, como donzelas em perigos, curandeiras, prostitutas e algumas são lutadoras, assim mesmo que haja alguma personagem feminina, elas são geralmente a exceção e não a regra.

E sem medo indico As Mentiras de Locke Lamora, leiam!, é uma história deliciosa, divertida, sem deixar de lado uma trama bem elaborada e diferente. Sério, depois vocês vão me agradecer por ter indicado um livro tão maravilhoso humildadezero.

– Eu só roubo porque minha querida família precisa do dinheiro para viver!
Locke Lamora fez essa afirmação com o copo de vinho erguido bem alto. Ele e os outros Nobres Vigaristas estavam sentados em volta da velha mesa de madeira-bruxa no opulento refúgio situado sob a Casa de Perelandro: Calo e Galdo à sua direita, Jean e Pulga à sua esquerda. Sobre o móvel estava disposta uma profusão de comida e o lustre celestial pendia do teto com sua conhecida luz dourada. Os outros puseram-se a vaiar e entoaram em coro:
– Mentiroso!
– Eu só roubo porque este mundo cruel não permite que eu tenha um trabalho justo! – exclamou Calo, erguendo o próprio copo.
– Mentiroso!
– Eu só roubo porque tenho que sustentar meu pobre irmão preguiçoso, cuja indolência partiu o coração de nossa mãe! – Galdo deu uma cotovelada em Calo.
– Mentiroso!
– Eu só roubo porque estou convivendo temporariamente com maus elementos – disse Jean.
– Mentiroso!
Por fim, o ritual chegou a Pulga, que ergueu o copo com um leve tremor e berrou:
– Eu só roubo porque é muito divertido, porra!
– VIGARISTA!


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Pedro Henrique

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