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RESENHA GLOBO ALT | “A Fúria e a Aurora” – Renee Ahdieh


Autora: Renee Ahdieh
Editora: Globo Alt
Páginas:
 336
Classificação:
 3/5 estrelas

A Fúria e a Aurora é uma recontagem de As Mil e Uma Noites e, como eu sou uma fracote quando se trata de retellings de contos que eu gosto, e esse livro ainda estava concorrendo na primeira etapa dos melhores do ano no Goodreads, resolvi experimentar. Ruim não podia ser, não é? Beeeem…

Não, o livro não é ruim. Só que também não é tudo que eu imaginava.

Eu te amo, milhares de vezes. E eu nunca vou me desculpar por isso

Todas as noites o califa se casa com alguma jovem, e todas as manhãs sua nova esposa é morta. Aparentemente, ele poderia fazer isso por quanto tempo quisesse, desde que não escolhesse a melhor amiga de Sharzad como noiva. Sharzad, aliás, é a nossa protagonista, uma jovem inteligente e corajosa, admirada por todos que a conhecem por sua determinação e força de vontade, e que não aceita que o assassino de Shiva, sua melhor amiga desde a mais tenra idade, saia impune, mesmo sendo o rei e, aparentemente, louco. Ela se voluntaria como noiva e promete para sua família e amigos que vai sobreviver a quantas noites forem necessárias para descobrir os segredos dele e matá-lo, não importam as consequências… E é assim que o livro começa.

Quando ela enroscou seus dedos no cabelo dele para puxar seu corpo contra o seu, ele pausou por um instante, e ela soube, como ele soube, que estavam perdidos. Perdidos para sempre nesse beijo. Esse beijo que mudaria tudo.

Khalid é o califa que Sharzad pretende matar por vingança. Atraente, jovem, introspectivo e misterioso, o povo o considera um monstro insano pelas atrocidades cometidas, porém o livro dificilmente aponta isso nele no presente, uma vez que bastam algumas horas em companhia de Sharzad pra que ele mostre que não é nada do que ela pensava. Era pra isso ser o charme, o atrativo dele, mas pra mim gritou instalove. Por outro lado, eu sinto quase prazer em não gostar de personagens que foram montados para ser amados, então a culpa provavelmente é minha mesmo hahaha

Eu aprendi acima de tudo que nenhum indivíduo pode alcançar o topo de seu potencial sem o amor de outros. Não somos feitos para ficar sozinhos, Sharzad. Quanto mais uma pessoa afasta os outros, mais claro fica que ela precisa de amor mais que tudo.

Para conseguir continuar viva, Sharzad tenta conquistar o menino-rei com histórias durante as noites em que ficam juntos, prometendo a continuidade para o dia seguinte e apostando sua vida no interesse dele e sua capacidade de cativar. Eventualmente, ele deixa de considerar matá-la, mesmo que haja indícios de motivos muito fortes para que ele faça isso com suas noivas, e aí é que as coisas começam a se desenvolver melhor. Mas é claro que essa proximidade toda não amolece apenas o coração do califa… Isso acontece também com o de Sharzad, que não entende como ela pode se permitir isso, sentir compaixão ou até… algo mais, pelo assassino de sua amiga. Por um tirano que matou tanta gente? E, pior ainda, quando ela já tem alguém com quem se importa assim? É, porque você não achou que escaparia de um triângulo amoroso, achou?! (Eu achei.)

Tariq é a nossa terceira peça, o amigo de infância de Sharzad, alegre, cheio de energia, forte, bonito e, claro, completamente apaixonado por ela. Eles provavelmente teriam ficado juntos, se Sharzad não tivesse se voluntariado como noiva de Khalid, e eu passei o livro todo me perguntando se, ao levantar uma revolução entre as massas, ele estava realmente preocupado em salvar o povo da tirania de Khalid ou se era tudo dor de cotovelo porque a namorada o largou por um rapaz que ele não vê como mais do que um monstro.

O amor é uma força por si só, sayyidi. Por amor, as pessoas consideram o impensável… e por vezes alcançam o impossível. Eu não zombaria de seu poder.

Eu esperava explorar a cultura arábica e conhecer mais sobre os costumes e lugares influenciados por ela, mas, mesmo havendo capítulos inteiros fora do palácio, quase não havia o que se visualizar. Os personagens não são ruins, gosto principalmente da dama de companhia de Sharzad, Despina, e Jalal, o primo de Khalid e capitão da guarda, mas os papéis são todos previsíveis. Quase dá pra ver a checklist que a autora fez ao montar o seu elenco. O ponto alto do livro, de fato, é a escrita da Ahdieh. Ela sabe criar bem suas frases, tem uma boa narrativa e os diálogos são ótimos, tornando as interações entre os personagens bastante envolventes, por mais clichê que seja a situação, em alguns momentos. A maior prova disso é que, no fim, ela ainda me deixou curiosa pelo fim da história, que deverá ser contada como duologia.

É um livro divertido de ler, se você gostar de triângulos amorosos, intriga e disputas reais, e relevar a falta de surpresas durante a trama.

Eu sei que o amor é frágil. E amar alguém como você é quase impossível. Como segurar algo quebrado durante uma tempestade de areia feroz. Se você quer que ela o ame, proteja-a dessa tempestade… E cuide pra que a tempestade não seja você.


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Hanna

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