Editora: Suma de Letras
Páginas: 384
Certos livros necessitam de um preparo psicológico antes de começarmos a lê-los. Tem gente que acredita que sou meio paranóica por achar isso, mas tenho certeza que se eles lerem algum livro como Souvenir e no final ficarem alguns bons dias ou semanas chorando feito loucos, eles começarão a concordar comigo.
Souvenir, em francês, lembranças, é sobre a história de Meg, sua família, e as escolhas que fez para o bem da mesma. O título, inicialmente, é irônico por Meg justamente precisar se afastar das lembranças que envolvem um antigo amor.
E, bem, eu pararia o livro exatamente nessa parte, onde lembranças não passam de uma parte irônica na vida de Meg, porque eu convivo bem lendo sobre fatos irônicos da vida. Mas infelizmente, ou felizmente, o livro passa para a parte onde lembranças são tudo o que pode salvar Meg.
Ela escreveu sobre como uma pessoa nega ou perde coisas que vale a pena manter quando tranca o passado. Mas, se você arrasta muito do passado consigo, ele simplesmente a esmaga.
Amores que deveriam ser para toda a vida, desencontros, amargura, esperança, e então o fim. Esse livro é uma mistura de sentimentos, de acontecimentos que levam a caminhos indesejados e explosões de sentidos. São menos de quatrocentas páginas, mas ler essa história parece levar uma vida toda, e ao terminar a última página parece que segundos se passaram desde que você começou o livro e você, como leitor, merecia mais, os personagens mereciam mais, a vida merecia mais, mas na vida real nem tudo é sobre merecer, as coisas simplesmente acontecem, e essa é a dura lição dada por Therese Fowler.
Souvenir merece uma indicação, é um cinco estrelas, porque não é a história de uma mocinha perfeita, onde tudo acabará certo mesmo se as escolhas forem erradas. Nem todas as escolhas serão corretas, nem tudo acabará de uma forma bonita. O livro é sobre a vida e a morte, e a fé para ter forças de dar um último olá e adeus, uma segunda chance para poder amar e dar um fim à uma história que começou cedo demais e não teve a chance de durar para ser um feliz para sempre.
Durante a maior parte de minha vida, eu tranquei minhas melhores lembranças, meus sentimentos mais verdadeiros, para que não pudessem demolir a fachada que construí. Uma fachada muito bonita, respeitável, mas ainda assim uma fachada. Aprendi quase tarde demais que a felicidade existe apenas no que é real e verdadeiro. Eu recuperei aquelas partes de minha vida nestes últimos meses, e fui mais feliz do que já mais tinha sido.
Vi essa resenha e lembrei que tenho esse livro na minha wishlist há eras!