Editora: Arqueiro
Páginas: 224
Classificação: 4.5/5 estrelas
Brit Hemphill tinha uma família que amava. Seus pais não podiam ser mais felizes e ela era contagiada por tal alegria desde pequena. Porém, depois de ser vítima da esquizofrenia sua mãe vai embora e ela vê os seus pais se separando. O tempo passa e o pai de Brit se casa novamente e então ela precisa aguentar a chata de sua madrasta. Elas não se dão muito bem, visto que, Brit faz parte de uma banda, tem tatuagens, seu cabelo tem algumas mechas rosa e nem sempre ela está dentro do horário, e está mais do que claro que sua madrastra odeia tudo isso, mas Brit não está disposta a mudar para agradar a outros.
Seu pai então decide interná-la em um reformatório chamado Red Rock, onde ele acredita que irá “consertar” a sua filha. Mas, mal sabe ele e todos os outros pais, o quão mal são tratados os seus filhos naquele lugar. Lá, Brit faz amizade com outras garotas – V, Bebe, Martha e Cassie –, e juntas elas tentam fazer a sua vida serem menos miseráveis enquanto buscam uma luz no fim desse túnel.
Só então me dei conta de que devemos valorizar quem se preocupa com a gente. Isso é algo muito especial, que de uma hora para outra pode sumir.
Eu conhecia Gayle Forman pelos seus livros de drama e romance, mas nunca havia imaginado que ela também escreveria algo tão profundo quanto O Que Há de Estranho em Mim. Nesse livro, Forman nos mostra a realidade dos adolescentes que passam partes de suas vidas em reformatórios. Alguns porque realmente precisam e outros por um simples capricho dos pais (o que é um horror!). Desde garotas que foram jogadas lá por serem homossexuais a outros absurdos, a autora joga um novo olhar sobre essa instituição, e no final você só espera que isso seja pura ficção — ainda que algum lugar seu saiba que aquelas histórias e garotas vivem isso dia a dia em algum lugar do mundo, é real e essa tragédia respira enquanto vivemos nossas vidas cotidianas.
E ainda que alguns pais acreditem terem boas razões para usar dos serviços de um reformatório, escolas como Red Rock jamais deveriam existir, e ao ler a nota da autora no fim do livro, descobrimos que não é bem assim.
É só isso que a gente pode fazer, Brit. Um passo de cada vez. Quando a gente menos espera, chegou a algum lugar.
A força dos personagens também foi cativante. Eu, no lugar daquelas garotas, jamais teria a força delas para enfrentar um lugar tão horrível quanto aquele. E a coragem que elas possuíam? Apesar de todos os esforços de seus supervisores, elas conseguiam encontrar uma forma de continuar a amizade e batalhar pelos seus direitos.
E com a narração acontecendo em primeira pessoa por Brit, era impossível não ser sugado por sua história. Senti na pele todas as torturas pelos quais ela passava, os medos, a raiva e, principalmente, a impotência. E no meio de todo esse drama Gayle ainda conseguiu colocar um pequeno romance que, ainda que não coloque borboletas na minha barriga, aconteceu na dose certa.
Gayle Forman me surpreendeu muito nesse livro e eu realmente não consigo encontrar pontos negativos, seu desfecho e o fato de ser um volume único me conquistaram. Assim, não percam a chance de lerem essa incrível ficção que nos mostra um pouquinho da nossa triste e desconhecida realidade.
Sempre dance conforme a sua própria música.
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