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FORA DOS LIVROS | Filme inspirado em Antes Que Eu Vá é ainda melhor do que o livro


Utilizando o lúdico da morte e o drama, Antes que Eu Vá segue sua narrativa com boas atuações, honrando o material original, e mesmo com estereótipos do High School americano, o roteiro entrega alguns personagens densos.

Antes que Eu Vá é inspirado no livro homônimo de Lauren Oliver e dirigido por Ry Russo-Young (Caminhos do coração). A trama gira em torno de Samantha (Zoey Deutch, que também atuou em Academia de Vampiros), uma garota que parece ter a vida perfeita. Ela namora o garoto mais cobiçado da escola, tem as melhores amigas, e ainda é linda. Como muitos no colegial, as únicas preocupações de Samantha são sua virgindade e o fim do Ensino Médio e seu cotidiano basicamente envolve viver a vida ao máximo (ou isso ela acredita estar fazendo) e zombar de pessoas que não são tão privilegiadas como ela.

Mas, quando um acidente acontece, Sam é morta em um acidente de carro horrível. Mas em vez de se ver em um túnel de luz, ela acorda na sua própria cama, na manhã do mesmo dia. Forçada a viver com os mesmos eventos ela se esforça para alterar o resultado, mas acorda novamente no dia do acidente. O que se segue é a história de uma menina que ao longo dos dias, descobre através de insights desoladores, as conseqüências de cada ação dela. Uma menina que morreu jovem, mas no processo aprende a viver. E que se apaixona um pouco tarde demais.

Como já dito no primeiro parágrafo, o filme entrega boas atuações e Zoey Deutch com certeza é o coringa do filme, ela consegue se adaptar ao clima proposto em cena, entre o feliz e o triste, entre a surpresa e o medo, entre a confusão e o desconhecido, e a atriz nos brinda com toda a carga dramática que a personagem criada pela Lauren Oliver tem. O elenco coadjuvante não possui a mesma capacidade, mas é louvável seus esforços em se adaptar nas odisseias emocionais que filme propõe ao expectador.

Entretanto, há duas exceções. Halston Sage (Brilhante Vitória e Cidades de papel) e Elena Lampouris (Homens, mulheres e crianças) deram vida aos seus personagens e me peguei sentindo um rebuliço de sentimentos ao acompanha-las em suas histórias.  Halston dá vida há uma garota que parece ser personagem do filme Garotas Malvadas e ela consegue trazer uma certa densidade ao filme, e mesmo não sendo justificável suas ações, o expectador compreende seus motivos. Já Elena dá vida a uma versão de Carrie, de Stephen King, com seus dilemas vividos através de Bullying e solidão, e personagens tão distintas de certa forma possuem vidas bem semelhantes, cada qual puxando seu lado num cabo de guerra na busca para conseguir vencer mais um dia em suas vidas.

Outro ponto positivo com certeza foram o roteiro e direção. Para mim, o livro tornou-se um tanto arrastado da metade para o final, a escrita da autora não conseguiu manter um ritmo, e no longa não encontrei esse problema, o roteiro consegue adaptar as cenas de forma simples e profunda, ainda que clichê com sua trilha sonora e piadinhas joviais — e nem preciso destacar a fotografia e o tom “frio” que torna-se constante no filme, dando o devido equilíbrio entre o lado divertido da trama e a seriedade que ela também possui.

E por falar em clichê, não posso deixar de destacar os estereótipos, um ponto negativo no longa.  Vivemos numa época de adaptações do cotidiano High School americano, e por mais que o roteiro dê uma profundidade a certos personagens, eles ficam mais no mesmo, como o namorado cobiçado da Samantha que é tão útil que você já não lembra o nome dele no filme ou no livro, ou as amigas que seguem o padrão “maria vai com as outras”. Ou seja, são só personagens para preencher páginas ou cenas.

Algo que também poderia ser melhor trabalhado é o desfecho. Mesmo fiel a obra, acredito eu que era necessário alguns poucos minutos a mais para mostrar ao expectador os resultados da decisão da protagonista, nos mostrando a suma de suas escolhas  que a tiraram do loop em que estava presa, e como isso afetaria o futuro, muitas vezes a fidelidade com a obra é essencial, mas uma licença poética pode sempre nos esclarecer coisas que o livro não conseguiu fazer. Claro, depende da nossa imaginação agora fazer isso, o que agrada a alguns e a outros nem tanto.

Em suma, o filme é muito bom, não chorei (eu achei que iria chorar), porém acredito que o foco não era esse e sim nos trazer uma moral da história, ações e reações, conceitos de vidas e o que realmente significa viver sua vida da melhor forma possível, sem nunca perder o foco das pequenas coisas que valem a pena.

Eis outra coisa a se lembrar: a esperança o mantém vivo. Mesmo quando você está morto, é a única coisa que o mantém vivo.


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Alex

Recifense, amantes de livros e aspirante a professor, traça de livros para os amigos e um curioso nato por histórias!

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