Editora: SdE
Páginas: 432
Classificação: 5/5 estrelas
É duro iniciar a resenha desse livro, o segundo de uma saga que me surpreendeu e me fez acreditar no potencial da Saída de Emergência no Brasil, e desde então o tempo passou, mais novidades vieram, e após ler Mago: Mestre eu definitivamente acredito que essa editora, junto ao Grupo Sextante, decidiram que 2014 seria o ano de começar uma mudança no mundo editorial, e é inegável que conseguiram. Os amantes de fantasia agradecem porque até mesmo nós nos dividimos em várias vertentes, vários gostos, e finalmente é possível encontrar uma editora que entenda e invista nisso.
Entretanto, apesar de ser viciada em fantasia de todos os gêneros, a épica é aquela que mexe comigo, me faz parar, e esse livro, nossa, esse livro me abalou e surpreendeu até o âmago, completamente viciante, nada previsível e, acreditem se quiser, melhor que o primeiro e eu nem sabia que isso era possível.
Anos se passaram desde os acontecimentos que iniciaram os conflitos entre os Tsurani e Midkemia e pouco sobrou dos garotos que conhecemos no primeiro livro, e nem todas as mudanças foram boas. Pug está para se tornar algo mais entre Tsurani e entre esses estranhos ele acredita que pode formar seu novo lar. Já Tomas está perdido entre memórias de uma raça antiga, e mesmo seus antigos amigos o temem, e Arutha precisa lidar com o risco de uma guerra civil em uma sociedade que já está despedaçada por outra guerra que já dura anos e não aparenta que vai cessar tão cedo. Mas apesar de cada um desses garotos ter seguido um caminho diferente, cada um é uma peça em um jogo que eles desconhecem e cabe a eles, principalmente a Pug e Tomas, que não passavam de medíocres garotos, se unirem para serem os heróis que nunca esperavam se tornar.
Sou o arquiteto de minha própria prisão.
Confesso que não sabia bem para onde a história estava se encaminhando a partir disso, tão grande era a mudança que eu mal conseguia encontrar nos personagens as características que me marcaram quando os conheci, me senti muitas vezes no escuro e o resultado disso foi eu me tornar ainda mais apaixonada pela escrita de Raymond E. Feist, fique de cara e cada partícula do meu ser se voltou para esse livro, para viver e respirar através dele, e se fosse possível eu pararia o tempo para curti-lo.
A grande jogada do autor foi fazer o leitor oscilar entre o suspense e as grandes revelações, foi difícil tomar um tempo para respirar porque a sensação era de que eu perderia algo, meu medo era parar a leitura e não me animar tanto com as grandes batalhas ou não me emocionar com os reencontros ao retomar a leitura tamanha a tensão e essa talvez seja a característica que pode tornar esse livro odiado por alguns leitores, ou você segue seu ritmo ou você é afogado na primeira onda de adrenalina e deixa essa história para, quem sabe, outro dia.
Porém, posso falar somente por mim ao dizer que amei esse ritmo louco, acredito que tudo se encaixou e mais uma vez o autor mesclou perfeitamente a ficção e a realidade ao mostrar que apesar das mudanças a essência de uma pessoa não muda e é isso que me faz amar tanto fantasia épica. Pode até ser um mundo todo novo, com criaturas que nunca encontraremos no nosso, mas a essência humana continua a mesma e me faz um pouco esperançosa de nossa própria realidade.
Você tem medo. Todas as criaturas temem a mudança, até os deuses.
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