Editora: Paralela
Páginas: 224
Classificação: 2/5 estrelas
Antes de começar preciso deixar claro que não tenho preconceito nenhum com livros de Youtubers, porém nunca tinha me interessado por nenhum outro antes desse. Esse é o primeiro livro de ficção escrito pela Kéfera, gosto dela e acompanhei o canal por muito tempo, então fiquei curiosa.
Primeiro de tudo, este não é um livro para crianças! Como esse é o maior público da Kéfera acho um erro monumental da editora não colocar classificação, uma vez que durante o livro tem muito palavreado e fala abertamente sobre sexo.
O livro é escrito em formato de diário e temos Jussara, ou Sara, como prefere ser chamada como protagonista. Sara é uma estilista que trabalha como costureira para uma marca famosa, seu sonho é um dia ter o próprio ateliê, conhecer Paris e ter um lindo marido antes dos 30. Porém tudo desmorona quando seu namorado de 3 anos termina tudo por whatsapp e desaparece da face da terra. Agora ela está com 26 anos, sem perspectiva e é bem provável que fique pra “titia”, como se já não bastasse ter um nome de “tia”.
Ela é tão desesperada com isso que grudou um relacionamento no outro e nunca se deu um tempo livre para se conhecer e se amar, sempre procurou a felicidade no outro antes de encontrar em si mesma.
Para ser um bom par, você precisa saber ser um bom ímpar.
Eu enxerguei a Kéfera em cada frase da Jussara nesse livro. Ela foi a protagonista do próprio livro, talvez um pouco menos neurótica, mas é impossível não perceber a personalidade dela ali.
Achei interessante o plot, pois acho que essa é uma crise que muitas mulheres passam e precisam enxergar que não é outra pessoa que vai te fazer feliz e sim você mesma. Porém, ao meu ver foi muito mal desenvolvido. Quando a personagem finalmente tem tudo que desejou em cada página do livro ela “cria” essa consciência e tem uma crise existencial nosense que não me convenceu.
Outro ponto completamente forçado são as coincidências. O livro se passa em São Paulo, mas as pessoas se encontram tanto “por acaso” que posso jurar que a população de São Paulo é de 100 habitantes, só assim pra tudo fazer sentido.
A escrita é claramente amadora e rasa, a descrição é quase inexistente e os diálogos são fracos. É o tipo de livro que dificilmente faria sucesso e muito menos seria publicado por uma editora se não fosse de alguém conhecido. Acho isso até um pouco “revoltante”, pois conheço muitos autores brasileiros maravilhosos que não tem uma oportunidade dessa.
Por ter tido um apoio da editora por trás acho que deixou muita coisa a desejar, pequenas dicas já teria melhorado. Ficou muita ponta solta que era fácil dar o nó.
Eu não gostei do final, revirei os olhos várias vezes pra protagonista e não consegui encontrar em lugar nenhum o tal empoderamento feminino prometido da sinopse. Não me arrependo de ter lido, foi uma leitura fácil e divertida, apesar das coisas que me incomodaram, porém não é um livro que eu indicaria.
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