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[RESENHA LEYA] “O Dragão de Gelo” – George R. R. Martin


Autor: George R. R. Martin
Editora: Leya
Páginas: 128
Classificação: 4/5 estrelas

Quando uma menina se aproxima de um temido dragão de gelo, e ganha a sua confiança, ninguém poderia imaginar que essa amizade não só mudaria a vida dos dois, como também o destino do mundo em que vivem.

O dragão de gelo soprava a morte no mundo. Morte, quietude e frio.

O Dragão de Gelo é um conto infantil de George R. R. Martin, publicado originalmente em 1980. Após a Leya anunciar que relançaria a obra com ilustrações do artista Luis Royo, eu fiquei muito curiosa para saber como seria um livro infantil escrito pelo famoso escritor. Confesso que não tinha expectativas, principalmente vindo de um autor nada previsível como o Martin. Acredito que por isso a leitura de O Dragão de Gelo acabou sendo uma grata surpresa para mim.

No livro, acompanhamos a história de Adara, uma criança do inverno. Nascida durante o clima mais intensamente frio que já foi vivenciado em seu mundo. Nestas mesmas habitações é avistado uma lendária criatura muito temida, que sobrevoa o mundo deixando um forte rastro de frio rigoroso congelando as terras, um dragão de gelo. Nenhum ser humano jamais ousou se aproximar ou tentar domar a criatura. Ao contrário de seu povo, Adara nunca sentiu medo dele e uma ligação se formou entre eles. E ao se aproximar da criatura, a menina e o seu dragão viverão uma relação de amizade e cumplicidade que poderá mudar as suas vidas para sempre.

Nas primeiras páginas, através da narrativa em terceira pessoa, o autor nos apresenta um mundo assolado pelo o dragão que espalha frio e medo por onde passa, e também conhecemos Adara, uma criança diferente. Adara quase não expressa emoções e dificilmente brinca com crianças de sua idade. Na trama, também conhecemos o seu pai, que apesar de ser afetuoso com os irmãos de Adara, acaba se distanciando um pouco da filha em razão de suas peculiaridades. Essa personalidade indiferente de Adara foi muito bem construída pelo o autor, havia momentos em que eu sentia agonia pela  maneira como a menina reagia com os acontecimentos à sua volta. Por exemplo, na cena em que ela pisa em um prego ferindo gravemente o pé, mas age como se fosse nada demais. A cena é citada rapidamente, mas consegue transmitir muito bem a reação da menina ou a falta dela com o ocorrido.

Os emburramentos, as irritações e as lágrimas de uma infância comum não eram para ela.

E o relacionamento de Adara com sua família e o drama de seu pai em relação ao seu nascimento, que também tem uma conexão muito forte com o dragão de gelo, foram bem interessantes de acompanhar. A ligação da Adara com o dragão evolui conforme ela se aproxima da criatura e é nítido o amor que o dragão sente pela garota. A relação de amizade e companheirismo que surge entre os dois ganha espaço na trama, mudando a vida de Adara e juntos podendo até salvar o mundo dos ataques dos terríveis dragões de fogo que habitam no norte.

Porém, estamos falando de um conto, e por este motivo a história tem um ritmo acelerado, apesar de Martin conseguir estrutura-lo para formar uma boa trama e conduzi-la muito bem. Os acontecimentos são desenvolvidos com naturalidade e não soam superficiais. As ilustrações de Luis Royo são lindas e nos ambientam perfeitamente nos cenários da história.


Uma curiosidade que os fãs de As Crônicas de Gelo e Fogo vão notar é que o conto tem relação com as histórias de ninar que a Velha Ama contava para as crianças sobre um dragão de gelo.

Enfim, leitura mais que recomendada para os leitores de todas as idades que gostam de uma boa história de fantasia sobre amizade, amor e sacrifício.


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Amanda

Estudante e trabalhadora nas horas vagas, leitora voraz e bookaholic por profissão. Gosta de assistir seriados, filmes e ouvir podcasts. É fã de Mary Shelley, Jane Austen e Charlotte Brontë. Mora em algum lugar do mundo, com a família, animais de estimação e seus amigos inseparáveis, os livros.

Um comentário

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  1. Excelente resenha!
    Achei que o conto tivesse uma relação direta com as crônicas de gelo e fogo, mas parece se tratar mesmo dedo umá lenda dentro da história.
    Vou conferir.