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RESENHA GALERA RECORD | “Dama da Noite” – Cassandra Clare


Autora: Cassandra Clare
Editora: Galera Record
Páginas: 560
Classificação: 5/5 estrelas

Cassandra Clare é o poder! Para mim, beira ao absurdo a capacidade que essa mulher tem de reinventar e expandir o próprio universo sem andar em círculos ou parecer repetitiva. Estou há dois anos sem ler algo dela, desde o fim de Os Instrumentos Mortais e, confesso, tinha me esquecido da sensação maravilhosa que é viajar em meio as páginas da escrita fantástica de Clare e os seus Shadowhunters. Mas – pausa para respirar –, vamos em partes.

Dama da Meia-Noite é o primeiro volume que abre as portas para uma nova trilogia envolvendo os Caçadores das Sombras. Os Artifícios das Trevas narra a trajetória de Emma Carstairs e Julian Blackthorn, parabatais que nutrem uma amizade sem igual e que servem de apoio um para ao outro em meio aos desafios e fantasmas que possuem.

Emma correu pelas escadas. […] Ele preencheu a visão dela; era tudo que ela conseguia enxergar. Não só o Julian como estava agora, caminhando até ela no chão com o desenho do Anjo, mas Julian lhe entregando as lâminas serafim às quais dera um nome, Julian sempre lhe dando um cobertor quando ela sentia frio no carro, Julian diante dela na cidade do Silêncio, com fogo branco e dourado se elevando entre eles enquanto recitavam seus votos de parabatai.

Emma busca a verdade sobre a morte de seus pais após a Guerra que culminou em inúmeras transformações nas regras dos Shadowhunters, enquanto que Julian tem que se preocupar em cuidar de seus irmãos e do Instituto de Los Angeles, além de guardar a sete chaves um grande segredo. Em meio a tudo isso, assassinatos de seres humanos e fadas que possuem padrões semelhantes aos dos pais de Emma vão desencadear uma investigação que pode levá-la a explicação de toda a tragédia, mas nem sempre a verdade é o que queremos que ela seja.
Terminei ao livro sem reação. E não do tipo que se pergunta se gostou do livro, mas do tipo que amou tanto que se arrepia e fica ao ponto de explodir com tantas sensações. Cassandra regressou de forma triunfal a sua mitologia, mas ao mesmo tempo trouxe uma configuração inovadora de sua narrativa.

Ao contrário de suas histórias anteriores, onde os laços de amor romântico eram construídos gradualmente, com a “mocinha” descobrindo fazer parte de um universo desconhecido e se apaixonado à medida que descobre a verdadeira essência do outro, Emma e Julian já se amam, mesmo que ainda não saibam como, de uma forma única; uma forma que nos atinge e dói tanto quanto. Cassie não se espelha em seus protagonistas anteriores para simplesmente “cuspir” uma cópia deles em suas novas estrelas.

Ela agarrou os ombros dele, pensou no momento de desorientação quando Julian a puxou para fora da água, no instante em que ela ela não soube exatamente quem ele era. Era mais forte, maior do que Emma se lembrava. Mais adulto do que ela tinha se permitido saber, apesar de cada beijo destruir as lembranças do menino que ele outrora foi.

Mas mesmo o caminho de descoberta dos dois quanto aos seus sentimentos e toda a história linda e triste de proibição do amor Eros entre parabatais não conseguiu tirar o protagonismo da relação de amor da família Blackthorn. Com a morte do pai e com Mark na Caçada Selvagem e Hellen exilada por ser mestiça com sangue de fada, sobrou para Julian o fardo de cuidar de seus quatro irmãos mais novos durante os últimos cinco anos, o que ele faz com amor mesmo em meio a tanta dificuldade e seu amadurecimento precoce. Após a uma série de acontecimentos Mark retorna para casa, trazendo os medos de cada um à tona, e a medida que cada capítulo desenvolve o suspense por trás da trama, nos apegamos de forma sem igual a cada membro da família.

Cassie traz novos personagens para a gente se apegar, como Cristina, Malcoln e Kit, mas também revisita velhos conhecidos de seus leitores, como Clary e Jace, mas tudo de forma coesa que se encaixa no contexto da história, e não apenas para dizer que apareceram para vender a obra. Contudo, meu objeto de amor sem igual é Ty Blackthorn, que espero imensamente que seja desenvolvido no decorrer da trilogia.

Não tenho direito de julgá-lo, irmão. […] Voltei para uma família que não só está viva e saudável, como também firme nos laços que não foram rompidos. Existe amor aqui, entre vocês. Tanto amor que fico até sem ar. Há até amor sobrando pra mim.

A escrita de Cassandra Clare é intocável em sua relação com nós, leitores. Dama da Meia-Noite está aí para comprovar isso: suas frequentes mudanças de perspectiva nos momentos crucias da trama nos arrebatam e geram aquele delicioso frio na barriga; seus personagens palpáveis mesmo em meio a tanta magia e surrealismo; sua quebra de parede que nos separa do real e do fantástico. São diversos fatores que nos faz perder a noção de hora e lugar, querendo apenas viver dentro daquelas páginas. Tudo isso regado de muita ação e suspense que já é característico de seu trabalho.
É sem arrependimento que digo: Dama da Meia-Noite é o meu livro favorito de Cassandra Clare. Mesmo quem nunca tenha lido nada dela, não faz mal caso queira começar por essa nova trilogia, mesmo que perca algumas referências aqui ou ali. Espero que essa querida senhora com alma atemporal (deve ser uma feiticeira, só isso explica) continue a me impressionar e me arrebatar no decorrer dos próximos anos porque, quando ela se aposentar, vou me sentir totalmente órfão e com saudades de visitar o submundo. Aproveitem!


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Valdesson

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