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RESENHA VERGARA & RIBA | “A Maldição do Vencedor” – Marie Rutkoski


Autora: Marie Rutkoski
Editora: Farrar Straus Giroux
Páginas:
 328
Classificação:
4/5 estrelas

Era uma vez uma menina, que já estava desanimada com suas leituras sempre tão repetitivas, histórias chatas e romances impossíveis. Era uma vez uma série, uma sequência de livros que prometiam mais do mesmo.

“Minha alma é sua”, disse ele. “Você sabe disso.”

A garota, ainda assim, decidiu ir em frente. Leu só algumas páginas. Depois, ela leu 100, 200, terminou o primeiro livro, começou o próximo, e, em dois dias, terminou toda a série e aprendeu que nem tudo é o mesmo, que há histórias que surpreendem e brilham, principalmente quando a dor de cada personagem se torna a sua própria. Terminei essa trilogia querendo esquecê-la para então poder passar por tudo novamente.

O livro nos apresenta um mundo de guerra e hostilidade, onde a nação Valoriana, à qual pertence a protagonista Kestrel, transforma os derrotados de outras nações em seus escravos, e, embora ela seja consideravelmente contra tal tipo de atividade, acaba adquirindo para si um escravo – um ferreiro, que também pode ou não ser um cantor – chamado Arin.

A partir desse ato tão impulsivo, um jogo começa: ninguém é realmente o que aparenta ser, e uma garota poderosa por nascimento, mas sem habilidades para a guerra (ou assim muitos acreditam) se torna a peça-chave nesse tabuleiro de xadrez. Entre traições, mentiras, falsas amizades, novos amores e decisões mortais, cada personagem se envolve de alguma forma em um ciclo de ódio e amargura, onde a maior lição vai revelar que um xeque-mate nem sempre é o fim e que ser vencedor não significa ganhar.

Ele a viu. Ela sabia que ele a viu. Mas seus olhos se recusaram a vê-la. Era como se ela fosse transparente. Como o gelo, ou vidro, ou algo igualmente frágil.

Arin e Kestrel, Romeu e Julieta, ambos os casais tem muito em comum; Kestrel supostamente deveria ser fútil, ou então ser a nova força que levará o nome de sua família à frente nas batalhas, herdeira de um general poderoso, mas ela não se encaixa e nem deseja isso para si. Arin, por outro lado, é cheio de mistérios e segredos, e não demoramos muito para perceber que ele não é um escravo comum, não só pela postura altiva e a firmeza de caráter mas por sua inteligência e gentileza.

O que esse casal tem de tão diferente do shakespeariano é que eles não somente entendem o jogo como são mestres nele, e, se for para perder, Arin e Kestrel estão dispostos a levar todos os seus inimigos com eles.

Não há o amor instantâneo, o romance bobo. A escrita da autora é uma das coisas mais cativantes do livro, e o que mais me impressionou foi o modo como ela construiu não só a sociedade Herrani e a Valoriana mas também as relações entre os personagens. Os sentimentos entre os protagonistas foram surgindo com ritmo e, para mim, o modo como a amizade cresceu junto com a química foi muito especial. Difícil não se apaixonar por Kestrel, por Arin e pelo casal em si.

Não é isso que as histórias fazem, tornam coisas reais falsas, e falsas em reais?

Se for para apontar um defeito, talvez seja a forma como muitos pontos ficaram vagos, como a ambientação em que a história se passa. Talvez isso aconteça porque o livro se passa na península de Herran, com foco na nobreza, os escravos e rebeldes ali. Herran é, afinal, uma parte pequena do império Valoriano. Além disso, por já ter lido todos os livros, tive a sensação de que a autora se segurou para não se aprofundar em cenas aguardadas com ansiedade pelo leitores.

Se você gosta de fantasia com uma pitada de ficção histórica nos seus YAs, recomendo muitíssimo! Na verdade, recomendo pra todo mundo!

A felicidade depende de ser livre, e liberdade depende de ser corajoso.


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Gabrielle

"Guerra é Paz. Liberdade é Escravidão: Ignorância é Força"

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