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RESENHA ROCCO | “A Menina Que Tinha Dons” – M. R. Carey


Autora: M. R. Carey
Editora: Rocco Fábrica231
Páginas: 384
Classificação: 4/5 estrelas

Mais uma vez nos encontramos em um cenário apocalíptico, onde uma espécie de fungo dizimou a sociedade como conhecemos e transformou humanos em mortos vivos, sedentos por carne. Talvez a grande diferença de A Menina Que Tinha Dons seja realmente que escreveu o livro. M.R. Carey já era bem conhecido por seus trabalhos em HQs de “X-Men”, “Quarteto Fantástico” e “Hellblazer”, então quando decidiu escrever tal livro ele encontrou um terreno fértil de leitores que já adoravam sua escrita. E agora, após terminar a história, posso concordar: o cara tem talento!

Nesse futuro pós-apocalíptico conhecemos um pequeno grupo de sobreviventes que luta pela vida e pela cura dentro de uma base militar. É lá que vivem a menina Melanie e seus amigos, mantidos presos e isolados em celas individuais. Considerada especial pelos professores e pesquisadores da base, Melanie sonha em conhecer o mundo exterior, sem desconfiar que esse está prestes a se mostrar em toda sua selvageria.

— Esta é a Pandora – disse a Srta. Justineau. — Ela era uma mulher maravilhosa. Todos os deuses a abençoaram e lhe deram dons. É isso que seu nome significa… ‘A menina com todos os dons.’

A trama realmente está nos personagens em si. O cenário é clichê, encontrado em milhares de livros, mas o autor realmente ganha o leitor ao se aprofundar em cada personagem. Sim, Melanie é nossa protagonista e a chave, mas cada sobrevivente tem algo a contar, particularidades que me fizeram ora odiá-los e ora sofrer com eles. É engraçado como um grupo pequeno de pessoas pode chegar a espelhar tão bem a sociedade atual; A doutora com ego e cheia de si, disposta a tudo pela ciência; O militar que enxerga tudo preto no branco; A professora, ávida por ensinar seus pupilos, perfeita aos olhos deles mas que esconde um passado sombrio; O subalterno, lutando em uma guerra que não entende; e por fim Melanie, a criança dividida pela sede de conhecimento, inocência e instintos que a controlam.

Juntos eles tornaram essa leitura agridoce e diversas vezes consegui imaginar essa história em uma tela de cinema porque o plot é construído perfeitamente para tal — e o livro realmente está sendo adaptado — porque A Menina Que Tinha Dons é uma história para todas as idades. Apesar de ser fodidamente perturbador, insano, o autor arquitetou para que tudo levasse o leitor a acreditar que o cenário é realmente possível e há beleza em um mundo tão feio e destruído.

E o final refletiu bem toda a história. Foi louco, mas com uma mensagem apropriada.

Acontecia alguma coisa com seu rosto. Seus olhos ardiam, a garganta estava em convulsão. Era quase como a primeira vez que você expira na sala de banho depois que os chuveiros são abertos e o ar se enche de um borrifo amargo. Mas não havia borrifo nenhum ali. Ela só estava chorando.


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Gabrielle

"Guerra é Paz. Liberdade é Escravidão: Ignorância é Força"

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