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RESENHA ARQUEIRO | “Mares de Sangue” – Scott Lynch


Autor: Scott Lynch
Editora: Arqueiro
Páginas: 512
Classificação: 5/5 estrelas

Essa resenha contêm spoilers do primeiro livro. Leia a resenha do primeiro aqui.

Mares de Sangue é o segundo livro da saga Nobres Vigaristas. Após  quase não saírem vivos da batalha brutal que ocorreu em Camorr, o vigarista Locke Lamora e o seu melhor amigo, Jean Tanner, fogem da cidade e desembarcam em Tal Verrar, uma cidade exótica que oferece várias possibilidades para continuarem sua carreira criminosa.

O alvo da vez é a Agulha do Pecado, a mais famosa e exclusiva casa de jogos do mundo, sendo que qualquer pessoa pega trapaceando é punida com morte, exatamente o tipo de desafio que Locke não consegue resistir. No entanto, existem forças ocultas trabalhando contra Locke e Jean e as coisas não vão sair tão bem como eles planejaram.

Sabe aquele autor que te deixa com raiva por todas as sacanagens que ele faz os personagens passarem, mas não te deixa largar o livro por um minuto porque você mal pode esperar para ver o que vai acontecer? Bem, Scott Lynch é esse cara e só digo que ele já conquistou um enorme espaço no meu coração e na minha estante.

A escrita de Lynch continua primorosa e a trama vai se construindo aos poucos, mas em nenhum momento a leitura se torna enfadonha ou cansativa. Ao contrário, os momentos de tensão e ação são diversos, me deixando ansiosa para terminar o livro e descobrir o que estava para acontecer. E para ajudar a aliviar a tensão há vários momentos engraçados e o sarcasmo rolou solto diversas vezes, principalmente se ele saia da boca de Locke Lamora, me deixando ainda mais apaixonada por esse ser irritante e arrogante, mas muito charmoso personagem.

Nesse livro, Lynch nos leva a aprofundar mais o mundo de Locke, construindo cidades que são tão ricas e envolventes como Camorr, cheias de costumes e tradições diferentes, mas não menos fascinantes e intrigantes. O local dos golpes desta vez é Tal Verrar, uma cidade portuária que parece calma na superfície, mas na realidade é cheia de segredos e armadilhas, algo que os vigaristas acabam apreendendo da pior maneira.

Sabe de uma coisa? Eu apostaria que, contando as pessoas que estão nos seguindo e as que estão nos caçando, nós viramos o principal meio de emprego desta cidade. Toda a economia de Tal Verrar está baseada agora em foder com a gente.

Mas não é por menos, já que os vigaristas parecem fazer inimigos por qualquer lugar que passem; primeiro os nobres de Camorr, depois os Magos Servidores e agora Requin e Stragos. Assim, é interessante e engraçado ver nossa dupla favorita tentando sobreviver no meio de uma guerra silenciosa entre duas facções diferentes, a Priori e o Arconte, que querem por tudo o comando da cidade e não se importam de usá-los para chegar a esse fim.

Ademais, os personagens parece criar vida conforme a história vai desenvolvendo, principalmente nossos protagonistas, Jean e Locke, que tem sua amizade colocada a prova em várias situações, mas também vemos o amor e confiança que constitui uma das relações mais sólidas da história e da saga como um todo. E preciso destacar novamente como mulheres são tão bem representadas nas histórias de Scott, nesse volume nós temos Zamira Drakasha, a capitã do navio Orquídea Venenosa, e sua tenente Ezri Dalmastro, que são personagens apaixonantes, inteligentes e que várias vezes roubam a cena. E em vários momentos é reconhecido que mulheres desse mundo possuem os mesmos direitos dos homens e que não deixam nada a dever em relação a eles.

Só temos duas leis. A primeira é: que os ladrões prosperem….mas a segunda obrigação é a seguinte: que os ricos se lembrem.

Locke Lamora nunca foi um Robin Hood e nunca fingiu ser, mas neste livros vemos o quanto a persona do “Espinho de Camorr” faz parte dele e quanto os nobres vigaristas são fundamentais em uma sociedade em que tudo parece ser corrupto, onde os menos privilegiados tendem a sofrer nas mãos daqueles que tem mais poder. Então não é por menos ser recompensador ver Locke destruir a cidade no qual os nobres jogavam de maneira cruel e perversa com os pobres, demonstrando que os personagens não podem ser os mais santos, mas também  não estão imunes a injustiça.

Ao todo, volto a repetir que Scott Lynch entrou para os prateleira dos favoritos e mal posso esperar para ler a continuação. Minha única reclamação é que o autor resolveu que Nobres Vigaristas será uma saga de sete livros, numa vibe meio George R.R Martin, e paciência não é lá minha melhor qualidade. De qualquer forma, se você quiser ler um livro repleto de ação, aventura, mentiras, intrigas e planos  mirabolantes e geniais, então eu recomendo muito Mares de Sangue.


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Pedro Henrique

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