Autora: Cornelia Funke
Editora: Cia das Letras/Seguinte
Páginas: 367
Classificação: 3.5/5 estrelas
Sabe quando você lê uma história, e parece que ela se conta sozinha; você apenas senta lá e escuta, e se perde por algumas horas em uma vida que não é sua? Foi bem assim com O Senhor dos Ladrões.
Mesmo quando dizem que sim…
Scipio é um garoto de Veneza que, usando uma máscara de nariz pontudo e botas de salto alto, faz suas visitas noturnas a casas e palácios em busca de jóias e objetos de valor. Com seus roubos, ele sustenta um grupo de órfãos que se instalaram em um velho cinema abandonado.
Entre os órfãos encontram-se Próspero e Bo; dois irmãos que fugiram da tia depois que sua mãe morreu. Agora na “cidade da lua” o pequenino Bo e seu irmão mais velho percorrem as vielas e canais da cidade junto com seus novos amigos. Até que o Senhor dos Ladrões recebe uma encomenda de roubo incomum: uma asa de madeira. Uma peça simples mas cheia de mistérios por trás. Ao mesmo tempo, a tia dos meninos contratou um detetive da cidade pra procurar por Bo, afinal ela quer adotar apenas o mais novo, mas Próspero não vai deixar o irmão sozinho.
O livro é encantador, cheio de paisagens incríveis, típico de Cornelia Funke, mas também traz uma mensagem muito boa sobre ser criança e ter que crescer, sobre ser adulto e ainda se lembrar de como era ser criança.
— As vezes você também tem vontade de ser adulto? […]
Riccio balançou a cabeça espantado.
— Não, por que? É bastante prático ser pequeno. A gente não chama tanta atenção e mata a fome mais depressa. Sabe o que Scipio sempre diz? — ele saltou da ponte. — As crianças são casulos e os adultos são borboletas. E nenhuma borboleta se lembra mais como era ser um casulo.
Com personagens cheios de personalidades e muito simpáticos — os órfãos são incríveis, a começar pelos nomes; Vespa, Mosca e Riccio (ouriço). Claro que Funke não ia abandonar seu gênero favorito, a fantasia! A aventura das crianças, junto com Scipio — que bem esconde segredos — levam a todos a um antigo Carrossel mágico, podendo transformar crianças em adultos e vice versa.
—[…] Mas pra quem estou contando isso? Crianças não sabem nada dessa coisas. Crianças não sentem frio, crianças pulam dentro das poças e não são nem um espirro. Ficam com o gorro de neve na cabeça e nem se incomodam, enquanto para nos cada floco de neve é um passo em direção à morte.
Não é um livro com plot twist nem um clímax de te fazer perder o fôlego, mas não deixa de ser uma história envolvente, aconchegante e divertida para se ler antes de dormir. Outros personagens acabam se transformando, e um deles em especial ganhou minha simpatia, que foi o detetive Victor! Enfim. Uma leitura leve, com uma boa mensagem e mais ilustrações da autora (que me encantam demais!)
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