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[RESENHA LEYA] “O Aprendiz de Assassino” – Robin Hobb


Autora: Robin Hobb
Editora: LeYa
Páginas: 416
Classificação: 4/5 estrelas

É um pouco difícil eu me posicionar sobre esse livro. O Aprendiz de assassino é uma fantasia que cumpre o que promete, mas não chega a surpreender. Desde as primeiras páginas, uma mescla entre presente e passado, é visível o potencial da autora em sua escrita, mas é provável que ela tenha deixado as grandes emoções para os próximos livros da saga. Se isso diminuiu esse primeiro livro? Claro que não, mesmo se contendo Robin Hobb construiu uma fantasia que dá gosto de ler.

Uma pessoa não precisa amar para depender de alguém.

O protagonista é Fitz, aka Bastardo, e começamos o livro com ele relembrando o passado. Já bem mais velho (idade desconhecida), ele nos conta como ele foi deixado por sua mãe aos cuidados de seu pai, o príncipe Cavalaria, quando ele tinha, provavelmente, em torno de seis anos, e esse acontecimento marca a abdicação de Cavalaria como Príncipe Herdeiro. Nos anos vindouros, ele é criado pelo cocheiro de seu pai, Bronco, e muitas vezes visto como a desgraça que se abateu no reino, e alguns até pensam que talvez a situação não estivesse tão critica se o bastardo do príncipe e sua infidelidade não tivessem tirado-o de cena. Porém, Fitz na verdade é o desvio em uma corrente de erros que pode salvar o reinado. Fitz, um dia, será conhecido como o Catalisador, O Causador de Mudanças.

Inesperadamente, ele é escolhido para ser o aprendiz do antigo assassino do rei, e deve aprender a arte de se esgueirar, ouvir e matar sorrateiramente. Ele também deve aprender o Talento, uma arte que se mostra ainda mais difícil do que assassinar, com empecilhos inesperados se colocando em seu caminho. Com o tempo passando e Fitz tornando-se um homem, as missões moldam sua alma, tornando-o cada vez mais solitário e abrindo seus olhos para o que realmente acontece em Torre do Cervo e uma coisa é certa: ninguém é o que parece.

Narrado em primeira pessoa, é difícil não se condoer com a história desse garoto. Em poucas palavras, ele teve o azar de nascer. Renegado por sua mãe, e anos depois por seu pai, ele também nasce com a desgraça de conectar-se com animais, também conhecida como a arte de Manha, e os possuidores desse talento são renegados ao ostracismo. Se nada andava bem para Fitz, alguém descobrir esse segredo vai terminar de vez com suas chances de viver uma vida normal, entretanto há pessoas que não nasceram para ter uma vida pacata, e uma delas é Fitz. Ele é tudo que um herói precisa ser. Corajoso, sincero e, por quê não dizer, um mártir, é instantâneo ao leitor pregar os olhos nesse protagonista e não largar mais.

O que diminui um pouco minha empolgação com a leitura foi a diagramação, e é importante destacar isso. É comum, infelizmente, encontrarmos livros com texto justificado, o que dificulta e muito a leitura, mas como eu disse é algo comum e eu costumo não destacar isso nas resenhas que escrevo. O problema dessa vez foi a fonte tamanho 8/10 que ainda agora me causa dores de cabeça e enjôos. Uma melhor diagramação com certeza doeria mais nos nossos bolsos, mas isso não é desculpa e a editora deveria levar em conta o que estão dispostos a fazer para alavancar as vendas da Saga do Assassino. Aliás, por deterem os direitos dos livros de George R R Martin, ninguém melhor do que eles para saberem que fantasia de qualidade vende aos montes e merece uma maior atenção. Não duvido muito que alguém, em alguma livraria, se sentiu atraído por esse livro, mas ao folhear as páginas escolheu deixá-lo de canto. Essa pessoa não sabe, mas foi privada de um livro que merece seu dinheiro mais do que muitos que constam entre os mais vendidos do mercado editorial.

Voltando a essência do livro, ele é uma mescla entre fantasia para jovens com um potencial para adultos. O que me faz ver o livro dessa forma é que iniciamos com um garoto mais jovem, com medos em comum de pessoas da mesma idade e então os anos vão se passando e a trama, com suas tragédias e sentimentos, são alavancadas para algo mais intrínseco e sombrio. Detalhar o que vem a acontecer não vem ao caso, nem explicar alguns termos do livro, que tem um idioma próprio e é preciso lê-lo para compreender, mas O Aprendiz de Assassino, em suma, é um livro para quem lia Harry Potter e cresceu.

São tempos difíceis, rapaz, e não sei se algum dia irão acabar.


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Gabrielle

"Guerra é Paz. Liberdade é Escravidão: Ignorância é Força"

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