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RESENHA | “Me Chame Pelo Seu Nome” – André Aciman


Autora: André Aciman
Editora: Intrínseca
Páginas:
288
Classificação:
4.5/5 estrelas

Todo verão o pai de Elio recebe um acadêmico em sua casa litorânea em Riviera na Itália para auxiliá-lo nas pesquisas universitárias. Nessa temporada é a vez de Oliver, um jovem americano que logo desperta em Elio coisas que ele nunca havia sentido por mais ninguém.

Elio tem apenas dezesseis anos, enquanto Oliver já é um homem feito, sete anos mais velho do que ele. Um romance que nunca deveria acontecer, mas toda a lógica se perde quando os sentimentos e desejos estão à flor da pele.

Encontramos as estrelas, você e eu. É isso só acontece uma vez na vida.

Esse foi meu primeiro contato com um romance LGBTQ, então foi toda uma experiência nova, achei que por isso seria um pouco mais difícil me conectar aos personagens, porém estava completamente enganada. Elio descreve tudo de maneira tão íntima e pessoal que não existe maneira de não nos ligarmos a ele logo de cara. Desde as primeiras páginas eu já me sentia sua melhor amiga.

É um romance sensível, que transborda sentimentos, eu sentia os anseios do Elio, fiquei apreensiva e me apaixonei juntamente com ele. A narrativa é bem descritiva nas emoções e desejos do protagonista, mas sem se tornar cansativa em momento algum. Aciman conduz a história de maneira única que faz com que não queiramos desgrudar do livro.

A escrita é diferente dos romances contemporâneos que estou acostumada a ler, não de uma maneira ruim, pelo contrário, deu uma profundidade que não sinto na maioria dos livros. É delicada e ao mesmo tempo bruta, crua. Ele não floreia o desejo com palavras bonitas, ele o mostra como é.

Como você vive sua vida e problema seu. Mas lembre-se, nossos corações e nossos corpos nos são dados apenas uma vez. A maioria de nós teima em viver como se tivesse duas vidas.

Os diálogos são inteligentes, do tipo que não imaginamos tendo na vida real. Porém, o contexto de acadêmicos os tornam interessantes e não falsos. Em momento nenhum senti que foram forçados e me pegava ansiando pela troca de palavras deles cheias de significados além das palavras ditas.

Elio é jovem e está descobrindo e desvendando seus sentimentos, seu corpo, sua sexualidade, e tudo isso torna mais intenso, pois é a primeira vez de tudo. Primeira vez que se apaixona, que se sente tão atraído por alguém, que não consegue tirar a pessoa dos pensamentos. E mesmo que tenham páginas e mais páginas de pensamentos, isso só nos conecta mais ainda com ele, e nunca cansa.

Ser feliz talvez não fosse tão difícil, afinal. Eu só precisava encontrar a fonte de felicidade dentro de mim em vez de esperar que ela viesse dos outros.

E o final me deixou com aquele aperto no coração, me fez chorar, e foi tão incrível e tocante como todo o restante do livro. Terminei com aquela sensação de não estar pronta ainda para me despedir deles, fiquei com um gostinho de quero mais na boca.

Minha única ressalva, que fez eu tirar meio ponto do livro é que tiveram pelo menos duas passagens que foram muito bizarras pra minha cabeça. Daquelas que a gente para e pensa: “Não, isso não está acontecendo“. Eu não sabia se ria ou ficava com vergonha alheia.

Mas fora isso, todo o resto é incrível e vale cada palavra a leitura! Confesso que não tinha interesse nenhum em ler esse livro, e me sinto mal só de pensar em nunca tê-lo conhecido, pois foi maravilhoso.

Não fomos escritos para um único instrumento; eu não fui, nem você.


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Stefania Cedro

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