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FORA DOS LIVROS | “O Plano de Maggie” foi uma grata surpresa


Em O Plano de Maggie conhecemos Maggie Hardin que trabalha em uma universidade de Nova Iorque como mediadora dos estudantes com o mercado de arte. Ela nunca teve sorte no amor e decidiu que era a hora de realizar seu sonho de ser mãe sozinha, até já escolheu um doador, um matemático que conheceu na faculdade e abandonou sua profissão para fundar uma empresa de picles em conserva. Tudo está indo conforme o planejado quando seus planos sofrem uma inesperada mudança ao conhecer John Harding, um antropólogo com aspiração a romancista recém-chegado na universidade. Aos poucos começam a desenvolver uma amizade enquanto ela lê seu romance baseado em seu casamento fracassado. Essa conexão vai se transformando em uma atração e seu plano sofre uma alteração inesperada. Maggie se casa com John, tem uma filha, mas junto com esse casamento ela irá descobrir que as coisas seriam bem mais fáceis se ela tivesse seguido seu plano original.

O roteiro e direção é de Rebecca Miller, que além de cineasta e roteirista também é escritora. Ela já havia escrito e dirigido A Vida Íntima de Pippa Lee e O Mundo de Jack e Rose, entre outros, e é mulher do Daniel Day Lewis sortuda. Ela tem uma característica de escrever sobre coisas do dia a dia de forma simples, mas ao mesmo tempo com uma reflexão por trás, e nesse longa isso não foi diferente, considero esse entre todos que vi o seu melhor filme, mostra sua maturidade como escritora e cineasta. Infelizmente a indústria do cinema ainda não dá muito espaço para mulheres trabalharem como criadoras, e devemos sim apoiar aquelas que conseguem transpor essa barreira.

O elenco é um dos trunfos do filme: Greta Gerwig é a nossa protagonista Maggie, consegue levar todo o filme nas costas de uma forma natural e encantadora, é impossível não se apaixonar por ela — sou suspeita pois já acompanho seu trabalho há muitos anos e admiro muito os tipos de projetos que ela escolhe e como leva sua carreira. Ethan Hawke também está muito competente aqui, ele faz um homem indeciso, submisso e problemático, mas tudo de uma forma leve e cômica que faz você ter pena dele, é um dos poucos atores que consegue ser carismático fazendo personagens detestáveis. Julienne Moore está maravilhosa no papel da (ex-) esposa do John, sua personagem é de origem nórdica, então ela tem um sotaque e uma atuação digna de uma rainha do gelo, mas com muito carisma e conseguindo ser engraçada no processo. O resto do elenco também é muito bom, Bill Hader e Martha Rudolf, que fazem o casal de amigos da Maggie, estão ótimos como sempre, são dois atores de comédia muito bons, e Travis Fimmel da série Vikings faz o matemático doador de esperma e está muito fofo, além de muito gato.

O Plano de Maggie é um filme simples e muito bem escrito sobre relacionamentos, mas sem usar daquela formula mágica do “felizes para sempre” que temos em filmes mais clichê do gênero. Possui uma aura que me lembrou dos filmes da saudosa Nora Ephron como Harry e Sally: feitos um para o outro.  É um filme honesto, simples, engraçado e que mostra de forma verossímil como os relacionamentos são feitos e desfeitos. Há muitos anos o gênero de comédia romântica vem passando por uma “crise” de criatividade, faltam bons roteiros, bons filmes e um quê de realidade, e esse longa tem tudo isso e foi uma grata surpresa nesse ano. Indico esse filme a todos, mas principalmente para aqueles que estão cansados de hollywood e querem se aventurar no cinema mais alternativo dos EUA.


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Virginia Bizerra

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