fbpx

RESENHA INTRÍNSECA | “Simon vs. a agenda Homo Sapiens” – Becky Albertalli


Autora: Becky Albertalli
Editora: Intrínseca
Páginas:
272
Classificação:
5/5 estrelas

Foi preciso um período de apenas 4 meses desde que soube que Simon Vs A Agenda Homo Sapiens seria publicado no Brasil para minha ansiedade ficar nas alturas. Não é para menos, se levarmos em consideração que o livro de estreia de Becky Albertalli é sucesso entre leitores e críticos lá de fora, tanto que os direitos para adaptação foram adquiridos por um grande estúdio. Mas o que faz dessa história tão especial?

Para começar, temos que nos atentar para uma questão importante que já não devia mais ser tão importante assim: Simon é gaaay. Sim, isso mesmo. E a importância em rotular pessoas que se sentem atraídas pelo mesmo sexo é o plano de fundo para essa história. Simon é um garoto como qualquer outro, e homossexual, que não vê necessidade de se assumir como tal como se isso obrigatoriamente fizesse dele outra pessoa da qual todos ao seu redor conhecem. Como ele mesmo gosta de dizer, heterossexuais não têm que sair do armário, não é mesmo?

É isso que as pessoas não entendem. Essa coisa de sair do armário. Não é nem por eu ser gay, porque lá no fundo sei que minha família levaria numa boa. Meu pai gosta de fazer piadas, e seria constrangedor, sem dúvida, mas acho que tenho sorte. Mas estou cansado de sair do armário. Tudo o que eu faço é sair do armário. Tento não mudar, mas estou sempre vivendo essas pequenas mudanças. Arrumo uma namorada. Tomo uma cerveja. E, todas as vezes, preciso me reapresentar para o universo.

Pois bem: Simon se apaixona por um garoto qual ele não conhece pessoalmente e nunca viu nem mesmo por perto, mas sabe que estudam no mesmo colégio. Passam então a se confidenciar por e-mail, mas a descoberta por um de seus colegas de classe que passa a chantageá-lo obriga a Simon a refletir sobre se revelar ou não para o mundo, além de temer que seu relacionamento com “Blue” vá por água abaixo.

O desenrolar dessa história aparentemente dramática é bem mais do que divertida e envolvente: é apaixonante. Alguns livros chegam para despertar em nós aquele sentimento de se sentir pleno e feliz como leitor novamente, e foi essa a minha relação com Simon. Temos uma história tão amarradinha, e que por mais cômica que seja não nos subestima. Muita gente acredita que decifrou a história já pela sinopse, mas não se engane.

Todos os personagens são de certa forma muito importantes, pois estão ligados diretamente a Simon. Seus laços de amizade me causaram um sentimento nostálgico a ponto de sentir falta da época do ensino médio, o que é algo raro. Vemos tudo pelos olhos de Simon, então é impossível durante o virar de páginas não deixar de ser você mesmo para se tornar ele. “Gente como a gente”, que sente, que se engana e dá bobeira. Gente que é obcecado por Oreo, o que para ele é indiscutível.

O café da manhã, obviamente, é composto de uma barrinha de cereal Oreo ou de uma torrada Oreo. O almoço tem que ser pizza de Oreo com milk-shake de Oreo e umas trufas de Oreo que minha mãe faz (também conhecidas como as coisas mais deliciosas do universo). O jantar é Oreo empanado com sorvete de Oreo, e a bebida é Oreo dissolvido em leite. Nada de água. Só leite de oreo. A sobremesa pode ser Oreo puro. Parece razoável? É para o seu bem, Blue.

Simon Vs A Agenda Homo Sapiens traz o sentido de diversidade de forma subjetiva. Não somos todos brancos, cisgêneros e heterossexuais. Não existe apenas o cristianismo como religião. Somos todos diferentes e isso que nos tornam interessantes. A autora, provavelmente por sua formação em psicologia e também por lidar com jovens, tem plena ciência disso e dá a sua história um sentimento de liberdade para quem lê. Uma história com aspecto comum, mas que a gente torce que aconteça com mais frequência por aí com sua doce simplicidade que nos encanta.

Aliás, só para ressaltar: não vamos chamar de “romance/livro gay”. É uma história como qualquer outra, cuja a sexualidade de nosso protagonista é uma de suas características, como sua altura ou cor dos olhos. Pouco a pouco, que tal pararmos de rotular não só as pessoas, mas também as histórias que lemos?

– Quando ele sorri, eu sorrio.
– Nada de filmes. Odeio filmes.
– É mesmo?
– É mesmo. Por que eu ia querer ver outras pessoas se beijando, se posso beijar você?

Não sei se o amor é cego, mas não houve falhas no livro para mim. Amei sim, e vou indica-lo para qualquer bom leitor que apareça na minha frente pedindo por indicação. No fim, a espera valeu a pena e é mais um livro a fazer parte da minha cabeceira.


Gostou? Compartilhe com os seus amigos!

0
Valdesson

Primeiros comentários

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.

  1. Amei o livro !
    A história é incrível e super fascinante, é aquele tipo de livro que você termina com um sorriso no rosto e um coração mais leve, e também concordo com você sobre os rótulos, acho que devemos parar de rótula e classifica as coisas.