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[RESENHA SEGUINTE] “Uma Garrafa no Mar de Gaza” – Valérie Zenatti


Autora: Valérie Zenatti
Editora: Seguinte
Páginas: 128
Classificação: 4/5 estrelas

Inicialmente, eu acreditava que Uma Garrafa no Mar de Gaza seria um livro sobre uma garota israelense que escreve uma carta aos palestinos em revolta após sua cidade entrar  em um atentado de bomba. Quando sua carta é colocada em uma garrafa e inesperadamente chega nas mãos de um palestino, que fica revoltado com seu conteúdo, começa uma correspondencia entre duas pessoas  que tentam defender suas crenças. Bem, ledo engano, se o livro trata de alguma revolta, é pela guerra em si, revolta por todo o sangue que ela já gerou e continua gerando, revolta pelo mundo ver palestinos e israelenses, muçulmanos e judeus, onde na verdade também há homens, magros, gordos, altos e baixos, que querem um pouco de felicidade e menos medo em suas vidas.

Estes são dias de trevas, de tristeza e de horror. O medo voltou.

O livro inicia com Tal escrevendo suas memórias desde o dia em que houve um atentado próximo a sua casa, e após um tempo tem a ideia de colocar as folhas em uma garrafa e jogar no Mar de Gaza. Ela quer entender um palestino, formar uma ligação com alguém do outro lado e mostrar que é possível, apesar de todas as crenças contrárias, a paz entre muçulmanos e judeus.

Quem encontra a carta é um garoto que auto se intitula Gazaman, e diferente do que Tal esperava, ele não está contente com suas palavras, pelo contrário, ele está com raiva. Mas atrás de seu humor ácido há um homem que está cansado, da guerra, de homens bomba, do medo, e esses dois estranhos, tão diferentes, iniciam uma improvável, e proibida, amizade.

Eu não sei vocês, mas quando leio um livro eu tento viver o personagem, ficar com raiva, vibrar, e amar junto com ele, e eu gostar ou não de um livro depende de quão forte foi minha sintonia com o mesmo. No caso de Uma Garrafa no Mar de Gaza, apesar de eu nunca ter chegado perto de viver o que Tal e Niam viveram, eu sofri junto com eles. Então, sim, eu respirei esse livro. Foram poucas páginas que resumiram um mundo de sentimentos, e eu acabei pegando carinho por cada personagem.

Ouri disse que eu era mesmo uma garota. Que os filmes que acabam bem são bons para as crianças do primário, para as vovozinhas caquéticas e para os ingênuos incuráveis. Respondi que as histórias, na vida, quase sempre acabam mal, sobretudo em nossa região, e que o cinema precisava nos dar a possibilidade de ter um pouco de esperança, e até mais que isso, de acreditar que os finais felizes são possíveis.

Valérie Zenatti serviu ao exército israelense, e viveu na alma essa guerra de ódio, mas apesar de toda sua experiência, a mensagem que ela passou no livro foi de esperança pelo fim de mais esse holocausto sem sentido do outro lado do mundo, deixando de lado o ponto de quem sofre mais ou quem atirou primeiro, direcionando o leitor para aquilo que realmente importa: quem dará o primeiro passo pela paz? E quem seguirá logo atrás?


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Gabrielle

"Guerra é Paz. Liberdade é Escravidão: Ignorância é Força"

Primeiros comentários

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  1. Gosto mesmo de livros que retratem situações históricas, pela verdade que carregam, mesmo em meio à ficção da obra. É bom que conheçamos outras culturas e descobrir o quanto podem ser violentas – como nas guerras -, mas também libertadoras. Pena que muitos caminhos sejam trilhados com tanto sofrimento, crueldade e intolerância.
    A guerra religiosa, pra mim, é a mais absurda manifestação do desamor.

  2. Não gosto muito de livros que abordam a guerra, mas gostei da forma que você falou sobre o livro ,, acredito ser um bom livro, com muitas lições de vida.

  3. Que lindo. Preciso ler esse livro!
    Adoro livros que além da história, abordam fatos reais. Nunca li nada parecido, mas já estou marcando o livro em minha lista. Quero muito conhecer!

    Beijo!

  4. É dificil eu me interessar por um livro quando a capa não me agrada… pela resenha também vi que não é muito meu tipo de livro,mas é interessante.

  5. Esse é o grande problemas das guerras, os inocentes que sofrem com tudo isso. Bombas não tem endereço fixo, nem são guiadas com precisão. Mais um livro com temática forte. Talvez um dia o lerei.

    @_Dom_Dom

  6. Achei incrivel a ideia da autora, tem uma certa ousadia mechendo com esse tema. Curti muito pela resenha, acho que deve ser um livro bem amarrado, já que tem poucas páginas. Vou colocar na lista de livros que eu quero ler.

  7. Quando temos empatia com personagens tudo se torna prazeroso, mas nem sempre é assim, daí o enredo precisa ter laços firmes. No meu caso o que chamou a atenção foi aprender um pouco mais sobre o sofrimento de culturas tão díspares quanto a minha.

  8. Nao conhecia o livro, mas tambem o tema abordado nao me interessou muito, nao gosto nada muito assim historico sabe???? Mas sua resenha estava show

  9. O bom foi que a autora não apoiou nem criticou nem um dos lados, mas sim retratou dos sonhos deles, como nós temos também, bem bacana isso…

  10. É, realmente não é um tema muito fácil de se tratar…Ainda mais para alguém que fez parte disso como a autora. Então é bom ver que não houve preconceitos e que raiva deu lugar a esperança.
    Pela resenha, dá pra sentir que é um livro intenso, daqueles com o qual vc se sente ligada. Acho que pode ser uma leitura interessante 🙂