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Autor: John Boyne
Editora: Companhia das Letras
Páginas: 416
Classificação: 5/5 estrelas
Desde que despontou no mercado editorial com a publicação do best-seller O Menino do Pijama Listrado, que vendeu milhões de exemplares, o irlandês John Boyne tem visto sua obra cada vez mais reverenciada em diversos círculos. Isto, obviamente, não sem mérito: o talento do autor em tecer histórias arrebatadoras e muitíssimo bem-escritas, somado aos personagens encantadores que traz à vida e à sua capacidade de transitar entre publicações para crianças, jovens e adultos, com uma versatilidade invejável, colocam-no entre um dos melhores nomes da literatura contemporânea europeia. Em seu último e mais pessoal livro até então — onde prova, novamente, seu primor —, Uma História de Solidão, lançado em 2016 pela Companhia das Letras, Boyne esmiúça com primazia um enredo inesperado e para lá de atual: a trajetória de um padre irlandês e sua visão privilegiada do cerne de uma omissa Igreja Católica imersa em escândalos de abusos sexuais contra meninos e meninas.
Jess Thomas é a mãe de duas crianças: Tanzie e o enteado Nichy – que ela cria há oito anos e vem sofrendo bullying pelos vizinhos. Marty, pai dos dois, a abandonou há dois anos e desde então a sua vida se resume a trabalho, e ainda assim, o orçamento da família é muito apertado. Tudo piora quando Tanzie – que é uma expert em matemática – ganha noventa por cento de uma bolsa de estudo em uma das melhores escolas da região e os dez por cento restantes teriam que ser financiados por Jess, mas ela não tem dinheiro o suficiente para isso. Ainda há esperança em uma Olimpíada de Matemática na Escócia que se Tanzie vencer, ganhará um valor que será o suficiente para a sua escola. A única questão é: como chegar lá?
Por outro lado, Ed Nicholls – um cliente de faxina de Jess – é um gênio em informática e está sofrendo um processo por ter vazado informações privilegiadas para Deanna Lewis (um caso que ele estava querendo se livrar). Ed, então, se refugia em sua casa da praia, onde conhece Jess – que logo de cara o odeia. Porém, no momento que ela mais precisa, Ed está lá para ajudá-la e incrivelmente oferece uma carona até a Escócia, esperando que isso o redima de seus grandes erros. Mas, o que essa viagem reservará a eles?
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Que a literatura tem o poder de nos transportar para dimensões paralelas, despertar uma imensidão de emoções e nos fazer questionar o universo, qualquer leitor aficionado sabe. No entanto, alguns livros –- estes mais raros, eu diria – nos marcam de maneira especial, presenteando-nos com experiências de quase catarse. Quarto, romance publicado pela Verus Editora e escrito por Emma Donoghue, é uma dessas obras únicas.
A história, que foi adaptada para o cinema no fim de 2015, em um longa aclamadíssimo que abocanhou quatro indicações ao Oscar, inclusive o de Melhor Filme, segue Jack, um menino de cinco anos confinado junto à sua mãe dentro de um quarto. Foi no Quarto onde ele viveu toda sua vida e, para a criança, lá é tudo que existe –- do Guarda-Roupa em que dorme ao Teto e à Cama e ao Tapete e ao Termostato. A Mãe foi sequestrada pelo Velho Nick quando tinha 19 anos, sete anos atrás, e trancafiada naquele cômodo, onde é frequentemente estuprada. Sob todas as dificuldades, porém, a Mãe criou Jack dando-o o máximo que pôde, concebendo um universo próprio para ele, em que não sofresse tanto… Mas a vida no Quarto não basta; nunca poderia, por mais que tentasse se enganar. Então, a Mãe elabora um complicado plano de fuga. Nada é mais o mesmo daí em diante.
Julie Seagle finalmente terminou o ensino médio e agora vai começar a faculdade. Com todos os planos prontos, ela viaja, e ao chegar a sua nova cidade descobre que o lugar onde ela iria morar na verdade é outro estabelecimento. E agora todas as vagas pela cidade estão preenchidas. Como ela vai iniciar a faculdade agora? Por sorte, sua mãe tem uma conhecida, que por acaso também conheceu na faculdade, chamada Erin Watkins, que ofereceu sua casa enquanto ela não encontra outro lugar.
E Julie percebe que há algo de errado com aquela família assim que começa a morar com eles. Além dela, moram na casa: Erin, o seu marido Roger (ambos são muito ausentes na vida dos filhos), Matt, o filho do meio, um nerd que não é muito sociável, mesmo que às vezes possa ser bem fofo, Celeste, a caçula com apenas treze anos (logo de cara Julie vê que ela enfrenta problemas) e, finalmente, Finn, o mais velho dos irmãos. Julie irá ficar no quarto dele enquanto ele ainda está viajando.
No quarto dele, ela sente que o conhece melhor do que todos. E logo descobre a sua página do facebook e começa conversar com ele. Finn é uma pessoa tão carinhosa, legal e compreensível, além de ser lindo – pelo menos por fotos. Ela não percebe, mas começa a se apaixonar por ele e contar os dias para seu retorno. E enquanto isso, ela tenta ajudar Celeste ser uma garota normal e Matt a ser menos introvertido. Mal sabe ela o trabalho que isso vai dar.
Amor fora do ar foi, definitivamente, uma das melhores surpresas do ano passado. Foi um pouco difícil me acostumar com a narração em terceira pessoa, cheguei a pensar que o livro poderia ser um pouco entediante por esse motivo, mas estava errada. Eu consegui sentir as emoções de Julie da mesma forma e ainda tive uma visão geral da história.
Você pode olhar para trás agora e ver como você poderia ter visto, mas você estava focada nos fatos ao invés dos sentimentos.
Julie é uma personagem fácil de gostar. Ela é carismática e faz de tudo pelas pessoas que gosta. Ela ajudou Celeste de uma forma que ninguém havia ajudado antes e mudou a vida da garota. Fiquei muito feliz com isso. Pondo-me em seu lugar, realmente não sei se teria a mesma coragem que ela.
E o romance? O que dizer sobre o romance? Meu Deus!!! Esse livro destruiu meu coração em pedacinhos e ao mesmo tempo o reestabeleceu ao que era antes. Apenas posso dizer que durante toda a leitura eu desconfiava de algo e, quando aconteceu, ainda assim foi uma GRANDE surpresa (muito bem escrita, por sinal).
Sempre foi você. Eu pensei que era outro alguém, mas era você. Você é a pessoa pela qual eu me apaixonei.
Amor Fora do Ar faz parte de uma série e já possui mais dois livros publicados e eu não vejo a hora que seja lançado no Brasil para que eu saiba como essa família incrível seguiu com sua vida. Enfim, é mais um auto publicado com uma escrita maravilhosa e uma história melhor ainda. É uma história que nos ensina o real valor do amor pela família, amigos e sua alma gêmea. Às vezes achamos que amamos, mas na verdade é só essa ideia que nos domina.
Autora: Juliet Marillie
Editora: Butterfly
Páginas: 616
Classificação: 5/5 estrelas
Tenho que ser clichê e começar essa resenha informando que nada do que eu escrever será suficiente para explicar esse livro. Não só ele tem mais de seiscentas páginas como também tem um mundo todo novo para explicar, e já em suas primeiras páginas impressiona.
A autora começa sua história relatando que se inspirou em um conto dos Irmãos Grimm, Os Seis Cisnes, para escrever a série Sevenwaters, que gira em torno de uma província de mesmo nome, um lugar onde os Seres da Floresta possuem forte presença e todos crescem ouvindo histórias sobre seus feitos e o perigo de se envolver com o Outro Mundo.
É nesse povoado que sete irmãos vivem e Sorcha, nossa protagonista, é a sétima filha de um sétimo filho com uma terrível tarefa pela frente. Com sua vida simples e de pequenas alegrias, ela cresceu para se tornar a curandeira entre os seus e protegida por todos os seus outros irmãos. Porém, quando uma maldição cai sobre eles, cabe a Sorcha lutar para salvar a todos. E, em uma batalha ancestral onde todos são peões nas mãos dos Seres da Floresta, ninguém vai sair ileso.
Para ilustrar melhor minha paixão e dificuldade para escrever sobre esse livro, vou confessar que o li assim que chegou em casa, na primeira metade do ano, mas ainda não estou pronta para passar tudo que senti, a loucura que foi para uma amante de fantasia encontrar algo tão bem elaborado e construído, e são livros como esse que me lembram porque amo tanto resenhar; não é só sobre contar uma história, para isso há milhares de sinopses por aí, e sim sobre como me senti e vivenciei essa história e passar toda essa gama de sentimentos para frente, com a esperança de que alguém também sinta o mesmo e se apaixone também.
Por que devo me modificar só para agradar a um homem? Se ele não gostar de mim como sou, que procure outra pessoa para se casar.
Filha da Floresta é um livro que transpira magia e a autora se mostrou uma contadora nata de historias do início ao fim, com uma capacidade de poucos para realmente te colocar dentro da trama, vivendo cada momento de paixão e desespero, muitas vezes me levando a euforia e, infelizmente, às lágrimas. A escrita parece simples mas em retalhos algo grande é construído.
Entre lágrimas e risos, acompanhei a história de Sorcha, uma garota que precisou percorrer todo um caminho para se tornar o que estava predestinada a ser, e essa foi uma viagem além da idade ou experiência, onde uma criança perde a inocência e laços para lutar por aqueles que ama. Muitas vezes em formato de diário, Sorcha relata o que aconteceu com ela, sua lenda, perdas e vitórias.
“Por que Sorcha? Por que justo ela tem de sofrer tanto? Ela é inocente e incapaz sequer de ter maus pensamentos. Por que deve fazer esse sacrifício por nós?”
“Porque ela é a mais forte. Porque ela se dobra com o vento, mas não se quebra.”
E ainda há os vários irmãos da protagonista, mas nenhum chama mais atenção que Connor e Finbar, cada um deles sábios de uma forma diferente, sobretudo Finbar com seu jeito introspectivo, seus segredos e a maldição do seu dom.
Juntos, eles ensinam uma lição ao leitor sobre perda, fraternidade e a realidade da vingança, de dar o troco quando já se perdeu algo que vingança alguma trará de volta. Essa é uma história que vai além dos contos bonitinhos, com uma lição para contar, e se aprofunda mais nos reais sacrifícios, o amor, as vitórias e, acima de tudo, a magia. E mesmo com essa avalanche de eventos, em momento algum a autora deixou de explorar cada nuance, e se foi difícil seguir em frente, isso simplesmente aconteceu porque, mesmo como leitora, ver alguém sofrer tanto e ser traída a cada passo não é fácil.
Ele não conseguiu encontrar as palavras corretas para se despedir. Hesitou. Deixou escapar a dor de sua alma e a feriu. Jurou que não a magoaria, mas magoou. Devia ter-lhe dito… devia ter dito… Não importa se você está aqui ou lá, pois sua imagem está em minha mente o tempo todo. Vejo-a na luz sobre a água, no balanço das árvores com o vento de primavera. Vejo-a na sombra dos grandes carvalhos e ouço a sua voz no pio das corujas à noite. Você é o sangue que corre em minhas veias e o bater do meu coração. É a primeira coisa que me vem à mente quando acordo e a última antes de eu adormecer. Você é… tudo o que sou, é o ar que eu respiro.
Ainda que seja uma ficção, sobre lendas, talvez sobre um passado que existiu, ou talvez sobre algo longe da realidade, seus personagens, suas dores e a sede por seguir em frente se tornaram reais a cada página, essa é a grande magia da leitura, e acreditar que em alguma parte do mundo existam pessoas com problemas diferentes, mas com a mesma coragem de, apesar de cada batalha, cada dor, que acreditam que é possível dar mais um passo e seguir em frente, traz um pouco de esperança.
Nada me preparou para Sevenwaters, e ainda que seja uma trama extensa, ela parece pequena para tudo o que ocorreu, é um dos poucos livros que posso dizer que vive em mim e não passará esquecido entre as centenas de outros que já li. Esse é um livro para inspirar, um livro que formará futuros escritores e ávidos leitores, porque como Harry Potter e outras tantas séries, a magia respira nessa história.
Você tem uma longa jornada pela frente. Não há tempo para chorar.
Louisa Clark é uma garota de vinte e seis anos que ainda não sabe muito bem o que irá fazer de seu futuro. E ela não se apercebe disso até que a cafeteria onde trabalha como garçonete fecha. Lou se vê em uma situação desesperadora, afinal, ela precisa trabalhar para ajudar financeiramente em casa, mas, ela não sabe exatamente do que. Quando vai até uma agência de empregos, descobre o “emprego perfeito” – onde ganhará muito bem e não terá de fazer muita coisa além de ser cuidadora de um tetraplégico, Will Traynor.
Will amava viver. Ele tinha um emprego que amava, fazia loucuras, se arriscava, namorava e não precisava de mais nada para aumentar sua felicidade. Ao sofrer um acidente, Will acredita ter perdido tudo e se vê aos 35 anos de idade preso a uma cadeira e dependente de outros. Ele realmente não tem mais nada para viver e perde toda a alegria que tinha, restando apenas uma versão mal humorada do seu antigo “eu”.
Algumas coisas não podem se prever na vida. E uma delas é como um até então desconhecido pode mudar tão drasticamente o que você acredita em poucos meses. Lou e Will não tiveram um bom começo, mas, aos poucos eles foram se acostumando com a presença um do outro e construindo uma amizade que os levou a um sentimento maior e que os deixaram em uma situação um tanto complicada.
Ser atirada para dentro de uma vida totalmente diferente – ou, pelo menos, jogada com tanta força na vida de outra pessoa a ponto de parecer bater com a cara na janela dela – obriga a repensar sua ideia a respeito de quem você é. Ou sobre como os outros o veem.
Esse foi meu primeiro livro de Jojo Moyes e, eu devo dizer que comecei com o pé direito. Amei a escrita da autora. A narração feita em primeira pessoa por Lou é repleta de sentimentos e detalhes, e a autora complementou com alguns capítulos narrados pela mãe, pai e o fisioterapeuta de Will, além de um pela irmã mais nova de Lou. Com isso, tivemos uma visão geral da história com as narrações feitas em medida certa.
Como eu era antes de você me deixou com a pulga atrás da orelha a partir da metade do livro em diante, onde eu não sabia como seria o final e eu estava desesperada para descobrir. Eu precisava saber se o motivo de todos viverem chorando e destacando o quão emocionante esse livro é, era devido ao final que eu imaginava que acontecesse. E isso fez com que eu não conseguisse largar o livro até terminá-lo. Obviamente não contarei qual foi a minha surpresa ao terminá-lo, mas, como todos os outros, terminei em lágrimas.
Onde há vida, há esperança, não é assim?
Lou é uma personagem carismática, é difícil não gostar dela. Por alguns momentos fiquei incrédula pensando se ela não descobriria logo o que estava na frente dos seus olhos. Mas, tirando isso, a amei do início ao fim. Foi incrível ver o seu desenvolvimento durante o tempo que se passa na narrativa. De como ela não sabia o que faria da sua vida, presa com aquele namorado horrível, a uma pessoa persistente, decidida e que busca os seus sonhos.
Já Will é alguém que facilmente poderíamos julgar. Dizer que suas atitudes e pensamentos são errados e que ele jamais deveria pensar mal de si mesmo. Mas como podemos fazer isso se nunca passamos por isso? Então, às vezes, eu ou você na mesma situação a dele poderíamos agir do mesmo modo ou completamente diferente. Nunca saberemos. Talvez ele pudesse ser menos egoísta e levar em questão os sentimentos dos que estão a sua volta ou talvez todos que estão a sua volta pudessem ser menos egoísta e levar em consideração os sentimentos de Will.
Como eu era antes de você é um livro que desafia todos os clichês. É uma leitura que eu jamais vou superar e acredito que ninguém conseguirá. E depois de terminá-lo posso dizer com meu coração na mão e lágrimas nos olhos que eu amei essa obra.
Se ele amar, sentirá que pode seguir em frente. Sem amor, eu já teria afundado várias vezes.